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Críticas

admin-balde 03/10/2024

The Joker is me? ‘Folie à Deux’ brinca com o irreal, mas esquece de fazer uma história bem amarrada

Por Lais Barison 

 

Littlemonster desde criancinha, não era segredo para ninguém que Joker | Folie à Deux seria o filme mais esperado do ano, porém as altas expectativas vieram seguidas de certa decepção com o roteiro, em que Joaquin Phoenix e Lady Gaga carregaram o filme com maestria reiterando o talento artístico de ambos inegavelmente.

Todd Phillips, diretor e roteirista do Coringa 1 e dessa nova versão, realizou um trabalho impecável no primeiro longa entregando não só uma história do universo de super-heróis, mas fazendo críticas e reflexões que cabem até hoje em nossa sociedade. Agora neste segundo longa, o roteiro beira a superficialidade e o sensacionalismo um tanto exacerbado.

Joker | Folie à Deux, ou Delírio a Dois é recheado de referências do diretor e detalhes sutis que fazem o espectador realmente mergulhar nos delírios de Arthur Fleck e Lee, questionando constantemente o que é real e o que é fruto da mente perturbada de ambos, o que particularmente me agradou – adoro um thriller psicológico. A fotografia, os enquadramentos, filtros e a própria trilha sonora criam uma experiência envolvente, imergindo o público nessa loucura constante, o que me levou a dar 3.5/5.

O verdadeiro incômodo foi sentir a duração do filme. Estava na sala há um tempo, e a sensação era de que já havia passado muito mais, principalmente por conta da quantidade de músicas completas cantadas em momentos inapropriados. As cenas musicais, em geral, são muito bonitas e emocionantes, mas algumas delas não acrescentam a narrativa.  Uma percepção e pitaco de Gagafã que tive é que a ouvir o álbum “Harlequin” antes de assistir me proporcionou um maior repertório e um carinho a mais pelas performances.

Entendo que posso estar pedindo demais para um filme como esse, mas senti que a mensagem final se baseia na ideia de que não há cura para pessoas com traumas profundos como os de Arthur, sugerindo que ele merecia essa vida miserável em função de seus atos. Como alguém que analisa essas questões, discordo veemente.

O longa retrata sobre um transtorno psiquiátrico de delírio em que duas pessoas compartilham o mesmo, geralmente entre indivíduos que dependem um do outro.

Em suma, é um bom filme se não for analisado com profundidade, servindo como um refresco para os apreciadores de Gaga e Phoenix, que entregam performances impecáveis, apesar dos percalços na narrativa. Dito isso, espero que ambos sejam indicados pelos papéis, mas Folie à Deux está longe de ser um filme que mereça grandes prêmios, mesmo custando na faixa de US$ 200 milhões para sua produção.