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Elenco em ação no filme - Fonte: A24

Críticas

Pedro Miranda 22/04/2024

Guerra Civil – Um aviso sobre Guerra

Produzido pela A24 e estrelado por Kirsten Dunst e Wagner Moura mergulha nas águas turbulentas.

Guerra Civil se apoia no estudo semiótico, o diretor Alex Garland utiliza camadas de significados para construir uma narrativa densa e provocativa, que não se limita a apontar dedos, mas sim a questionar os fundamentos da comunicação e do debate público.

A trama segue um grupo de repórteres em meio a um conflito interno nos Estados Unidos. Conflito este que se desencadeou após uma tentativa do presidente de consolidar seu poder para um terceiro mandato, ameaçando os alicerces democráticos do país. O filme não se prende à dicotomia simplista do certo e errado, mas sim à inevitabilidade do atrito quando o diálogo cede espaço à violência desenfreada. 

A banalidade do conflito fica evidenciada em uma cena onde um soldado atira contra a casa de um civil, sem ao menos saber quem está lá dentro ou em que lado da guerra o morador está. O contexto se torna uma metáfora inteligente sobre a  polarização nos tempos atuais. Essa abordagem destaca a irrelevância das ideologias e dos posicionamentos políticos quando a sociedade se recusa a dialogar. 

A A24, conhecida por suas produções marcantes como “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, “Moonlight” e “Midsommar”, mais uma vez brilha ao proporcionar um enredo repleto de subtextos e significados, mostrando que um filme de guerra pode pode e deve gerar debates e reflexões indo muito além de uma espetáculo violento e sensacionalista.

 

 

Destaca-se também a importância da imprensa, representada de forma brilhante na trama através de uma rima visual entre os repórteres e suas câmeras, sempre prontas para o clique, e os soldados, armados com rifles de assalto. Isso fica evidenciado pela escolha do posicionamento das câmeras, que faz com que os jornalistas estejam em posições quase táticas. Em uma era digital, em que uma imagem publicada de maneira irresponsável pode ser tão danosa quanto um disparo de arma de fogo, o filme ressalta o poder e a responsabilidade dos meios de comunicação.

Em terras brasileiras, um dos grandes atrativos que certamente levará muitas pessoas às salas de cinema é a presença de Wagner Moura, o ator nascido na Bahia, mas que reside nos EUA há sete anos e vem construindo uma sólida carreira internacional, com trabalhos de destaque como na série Narcos e no filme Elysium. O ator ressaltou em várias entrevistas que faz questão de manter seu inglês com sotaque, já que representa a parcela de imigrantes que vivem no país. Segundo ele, seu personagem Joel é certamente brasileiro: ‘na minha cabeça, ou eu digo para as pessoas: ‘olha, ele vai ser brasileiro’. Acho que os personagens são sempre um reflexo de quem nós somos’.

Com orçamento de “apenas” 50 milhões de dólares, o filme pode apresentar algumas falhas nos efeitos visuais e algumas soluções convenientes de roteiro, Porém, isso não compromete sua mensagem impactante e relevante. As performances de Dunst e Moura são cativantes, e a dinâmica entre os personagens é habilmente construída, tornando “Guerra Civil” um filme que merece atenção e que certamente estimulará reflexões, principalmente em solo norte americano, para além das explosões e cenas de tiroteio.

O filme estreou quebrando recordes e sendo a maior bilheteria da A24, liderando a bilheteria pela segunda semana consecutiva, arrecadando US$ 19,3 milhões. Ao todo, o filme arrecadou US$ 44,8 milhões nos Estados Unidos desde a estreia. Os dados são do Box Office Mojo, do IMDb. Por aqui a estreia foi no dia 18 de abril e está disponível em todo o território nacional.

Nota:

Lançamento: 2024

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